Sunday, January 29, 2006

Garden State



Ontem revi e revivi este excelente filme, que a meu ver é uma excelente crítica aos mais variados temas, e que me supreendeu pelo seu toque de simplicidade e realismo. Na sua cidade natal Largeman redescobre-se, com a ajuda dos seus amigos e de uma adorável mentirosa compulsiva. Larga a medicação, prescrevida desde os seus dez anos pelo seu próprio pai, e é nesta pequena cidade, e não em Los Angeles, onde se refugiou nos últimos dez anos, que começa a sentir tudo aquilo de que foi privado, as coisas simples da vida, que para ele ganham uma nova siginificação.
Este filme mostra a realidade para todos aqueles que se escondem e ocultam os seus receios através de uma dose elevada de químicos, todos aqueles que, não padecendo de um desequilíbrio químico significativo, optam por adormecer por um extenso período de tempo, e que, um dia "acordam"desorientados, porém dispostos a sentir, nem que seja uma intensa dor psicológica.
Os seus amigos são tudo menos equilibrados, porém são essas mesmas características que incutem a magia neste filme. Num mundo em que muita gente tem grandes aspirações, os seus amigos limitam-se a fazer o que lhes dá prazer, não se preocupando em serem bem-sucedidos. A sua relação com Sam mostra-se cada vez mais profunda, apesar de, na duração do filme ser de apenas quatro dias.
Apesar de amar quase a totalidade das personagens deste filme, pela sua sinceridade crua, os meus parabéns para a Natalie Portman, que revela aqui os seus dotes como actriz, como nunca o havia feito, na minha opinião. A sua personagem capta-nos pela sua doçura e simultânea capacidade de "brincar" com a sua própria "doença", pela forma como contagia Largeman, pela importância que atribui a pormenores que para muitas pessoas são absurdos, pelo facto da sua doença não prejudicar mas sim ajudar outrém na redescoberta do seu próprio abismo.
Ao Zach Braff os meus parabéns pela realização deste interessante filme, e pela forma como entra num registo tão diferente daquele a que estamos habituados a vê-lo e se completa nele.
Em suma, este filme transporta-nos para um sítio onde é possível reinventarmo-nos através da nossa esssência, e não dos sítios ordinários para onde vamos e das pessoas irritantes que somos forçados a ver. Ficam aqui algumas citações que me tocaram particularmente...

Sam: OK, so... so... sometimes I lie. I mean, I'm weird, man. About random stuff too, I don't even know why I do it. It´s like... it's like a tick, I mean sometimes I hear myself say something and think, Wow, that wasn't even remotely true.

Sam:If you can't laugh at yourself, life's gonna seem a whole lot longer than you like.
Andrew Largeman: All right, so what are we laughing at you about?
Sam: I lied again... I have epilepsy.
Andrew Largeman: Which part are we laughing about?
Sam: had a seizure at the law office where I work, and they told me their insurance wouldn't cover me unless I wore preventative covering.
Andrew Largeman: What's preventative covering?
Sam: The helmet I was wearing... Oh come on, that's funny. That's really funny, I mean I'm the only person who wears a helmet to work who isn't putting out fires or racing for NASCAR. But what do you do, I can't quit... their insurance is amazing, what do you do? You laugh. I'm not saying I don't cry but in between I laugh and I realize how silly it is to take anything too seriously. Plus, I look forward to a good cry. It feels pretty good.

Sam: That's life. If nothing else, its life. It's real, and sometimes it fuckin' hurts, but it's sort of all we have.

Mark: I'm okay with being unimpressive. I sleep better.

Sam: I haven't even lied in like, the past two days.
Andrew Largeman: Is that true?
Sam: No.

Andrew Largeman: Hey Albert? Good luck exploring the infinite abyss.
Albert: Thanks. Hey, you too.

1 comment:

Anonymous said...

Um filme tão próximo de uma realidade imperfeita, é quase impossivel não nos sentirmos atraídos por ela e com aquele feeling de pertença.
Sim, porque ali tudo parece tão genuíno e real, com falhas e imperfeições mas sem medos de as assumir e de viver com elas. Um sitio onde pouco se espera de nós senão sentirmo-nos livres e amados na nossa pele. Quase um paraíso este Garden State. Beleza no drama e no seu sentido do real.
Adorei o teu texto claro está ou não fosse eu completamente apaixonado pelo filme!

Bjinhos