Friday, April 14, 2006

Oniricamente descontente

"No one has normal relationships", acabei de ver Six Feet Under, um tremendo poço de inspiração, e como eu entendo a Brenda! O medo da intimidade é algo que persegue o ser humano, quanto mais gostamos de alguém, maior é a vontade de sabotar tudo,de reparar nos pormenores mais insólitos, para que o escape às responsabilidades pareça pertinente.
Parece que tudo se constitui não como uma clausura, como muita gente parece defender, mas sim como um labirinto temeroso, onde as nossas razões se confundem nas razões de outrém, alheio aos nossos pensamentos mais sórdidos.
Por mais que me tente debater não encontro uma solução que se afigure consciente, amordacei-me de tal forma que até os meus pensamentos condeno, os pensamentos que se fossem proferidos poderiam me ajudar nesta altura de tensão psicológica.
Sonho com tudo isto,e de uma forma puramente metafórica , o meu descontentamento traduz-se na inquietação constante dos meus sonhos surrealistas.
Porque é tão difícil enfrentarmos estas pequenas grandes coisas? Porque me custa tanto revelar o que me faz sentir tonta todo o tempo? Terei assim tanto medo de demonstrar que não estou a adaptar-me facilmente? Que no íntimo do meu ser ainda falta ouvir uma parte de mim?
Quando nos pomos de parte por uns instantes que seja, os próximos passos que damos parecem repletos de egoísmo. Um egoísmo como que desumano. É humano ser egoísta, ser frágil e ter momentos de solidão pertinentes, certo? Quero soltar a minha voz, largar esta angústia que me persegue sem perder nada do que ganhei. Egoísmo mais uma vez, o egoísmo típico de quem se sente inseguro e não quer abdicar de nada. Não consigo produzir nada mais que este desabafo que, até a mim, me parece incoerente. Nas minhas próprias palavras encontrei e desviei simultaneamente a solução. Tudo isto, presentemente, não serviu de muito. Servirá para um dia sonhar sem encargos, soltar o meu descontentamento e rumar pelo caminho daqueles que ousam enfrentar os sonhos!

Wednesday, April 12, 2006

Extreme makeover

Camuflagem dita camuflagem, e tudo não passa de mais um ciclo vicioso e desvirtuoso. Por mais que tentemos escapar a rótulos, na verdade sempre seremos rotulados:não pelo que somos, mas pelo que ostentamos ser. Mais um paradoxo da minha singela existência, sigo a corrente, e continuo a julgar o que vejo sem sequer o sentir genuinamente.
Sou uma daquelas pessoas que se adapta muito facilmente, visto uma máscara, dispo e visto outra em questão de segundos. Não são máscaras incutidas de malícia, mas máscaras extremas, nas quais acabamos por ter dificuldade em nos reconhecermos.
Quando falo de extreme makeover, é porque se trata de um processo similar ao ditado em prol do ideal de beleza: mudamos radicalmente a nossa forma,não de ser, mas de agir, em função do que pretendemos demonstrar perante outrém.
A natureza do ser humano, e a sua pequenez e finitude leva-o a criticar o que o rodeia de uma forma minuciosa. A barreira constroí-se quando as críticas deixam de ser constructivas e passam a ser apenas esboços de maldade. Ser maldoso, arrogante ou brincalhão torna-se perigosamente divertido. Quantos de nós não o somos nem que por breves instantes apenas? Quantos de nós o são constantemente, não é amigo? Lembrei-me de ti, obviamente, e não fosses tu assim tudo seria diferente e sem graça, mas apenas porque conheço o recheio(as restantes facetas). Já te questionaste sobre como as pessoas te vêem? E como isso nem sequer te afecta? Penso demais, e agrada-me como a tua suposta malícia não deixa de ser algo deveras interessante. E como, estando eu num "suposto meio-termo" prefiro a malícia genuína e até a apatia à felicidade utópica e hipócrita de muitos( isto vai ao encontro do último post do teorias...).
Façamos uma extreme makeover, mas uma na qual não o façamos para agradar outrém, apenas uma adaptação rotineira das nossas facetas, ok? Apenas algo no qual a noção da nossa realidade humana continue confusa,mas presente. Chega de hinos à felicidade,só assim os instantes em que não somos egocêntricos e conflituosos serão verdadeiramente aproveitados. Chega de simulações e de risos quando só queremos agir em prol do que nos faz falta: seja algo bom e humanitário ou apenas mais uma necessidade oca e materialmente humana!

Monday, April 10, 2006

Breve homenagem ao Batô

Neste sábado revisitei o Batô, já não ia lá desde 2000! É um daqueles sítios dos que quais retenho boas memórias, aliás "apenas" bons momentos passados numa altura que só me queria divertir sem preocupações, sem vislumbramento de amores, apenas com o meu grupo de amigos de então. Amigos que no fundo são apenas bons colegas, bastante separados pelas circunstâncias da vida, mas daqueles que se pensa sempre com carinho e com os quais ainda se mantém algum nível de contacto.
Desta feita, fui como o meu amor e com um grupo de pessoas dos quais destaco duas: A Ângela e o Bruno, os quais considero grandes amigos. Revivi a diversão de outrora, dançando incessantemente músicas que já são um habituée na casa, e umas quantas novas no reportório. Um local mágico, onde uma pessoa se sente bem. Um local acolhedor, na sua dimensão modesta e decoração criativa.
A noite de sábado assumiu-se como uma passagem de momentos tão ou ainda mais mágicos do que os que passei no decorrer do ano 2000, razão pela qual confesso um certo receio de voltar lá. Quando a magia é muita uma pessoa tenta resguardá-la o máximo possível, para um dia mais tarde a saborear, porque se um dia o sabor muda, a recordação também assume outra configuração. Em 2000 o sabor foi constante, mas tanta coisa que se transformou, que o mais acertado seria guardar um pouco do sabor que revivi. Não digo que é o que vou fazer, neste momento não tomo esse tipo de resoluções drásticas, quero aproveitar o gosto da Primavera ao máximo, com as suas tonalidades ricas e vivas. Reviver e também prosseguir, pensar sem ofuscar demasiado o brilho das coisas. Acima de tudo sentir! E porque senti o Batô, porque tudo o que ele era permanece intacto, e não foi corrompido por uma sociedade onde o mágico é rapidamento esquecido em detrimento do Roço & Bacanal, perdão R&B ,ficam aqui algumas palavras de afecto, dedicadas a um sítio que merece mais a minha atenção do que a estupidez de determinados seres humanos.

Sunday, April 02, 2006

Trainspotting Revisited


Uma parte da nossa geração está numa de trainspotting, com um ego imenso, pensa que pode submeter-se e "controlar" tudo. Bem, o que se vê é um estado de degradação acentuado, no qual as pessoas fazem coisas que ultrapassam a sua própria compreensão e as repetem incessantemente.
Algo que me deixa indignada, pois a informação é cada vez mais e os exemplos ibid e no entanto certas e determinadas pessoas continuam a achar-se tão especiais ao ponto de chegarem onde nenhum homem chegou, e depois é o que se vê: flashes de mamas e etc. Não, não aguentei, porque quando me escondem coisas que fico a saber por terceiros a revolta é muita. Os amigos verdadeiros não escondem as coisas, por piores que essas sejam admitem-no. Bem, talvez na cabeça desta pessoa o que ela faz é tão superior que eu não posso saber, mas tudo se sabe, e nada melhor que aproveitá-lo para um dos meus textos e falar de algo que sinto: uma raiva profunda de quem abusa das drogas por falta de personalidade. Pessoas com falta de cáracter que optam por seguir o rebanho, para parecer bem.
O Trainspotting tinha um ponto, e o Ewan Mcgregor quis transmitir algo no seu excelente papel, não foi propriamente "sou o maior drogado, follow me!". Como tenho casos na família fico mais sensível a esta questão, porque tendo parentes próximos envolvidos nisso, não posso deixar de achar quem se mete nisso nos nossos dias incrivelmente estúpido.
INCRIVELMENTE ESTÚPIDA & NO FURTHER COMMENTS!!!