Sunday, August 19, 2007

Fluoxetina, mais conhecida como : a nova droga para quem não tem força de vontade

Este post é dedicado às pessoas não sabem lidar com a comida, eu própria tenho as minhas compulsões nocturnas, portanto também me é dedicado, mas tenho a perfeita noção de que enquanto trato as insónias, a forma mais razoável de tratar o (excessivo) apetite e os desvios alimentares é com exercício físico e força de vontade.
Não é comer 4,5 bolos por dia, entupir-me de comida e depois começar a tomar uma droga que basicamente deriva do prozac e nada tem a ver com o tratamento de emagrecimento (!) e espalhar orgulhosamente como perdi 8 kgs num mês, apesar de estar com um aspecto horrível, afinal " sou linda porque estou a ficar mais do que magra".
Eu estou magra, há quem diga demais, eu estou a lidar com os problemas de um emagrecimento feito sem remédios e de uma média de 4 quilos a menos por mês. Amenorreía secundária, oscilações terriveís de humor, isolamento, pesar-me imensas vezes ao dia. Não, nunca cheguei a ser anoréctica e muito menos bulímica, simplesmente gosto demasiado de comer, e o verão passado pensara eu ter sido uma benção a falta de apetite que me motivou a emagrecer. Pensara, na realidade não sabia o que estava para vir. Quando se emagrece muito 200 gramas a mais na balança pesam 5 quilos, ou mais, tudo se trata de "engordaste sua fraca!".
Agora posso dizer que estou melhor, não me peso várias vezes ao dia, aliás não me peso há 3 dias, mas hoje enfrento a balança porque é dia de almoçar com a sogrinha e tenho que ver se "mereço" o meu sundae de caramelo com cobertura extra ou se a comilança nocturna de sábado à noite me estragou os planos.
A minha melhor amiga sente-se bem, pois claro, também eu me sentia quando toda a gente me dizia "que magrinha que estás" e essa cambada de coisas futeís que são deliciosas de se ouvir para quem já teve uns quantos quilos a mais. Mas com uma diferença, ela toma a tal fluoxetina, que se usa em tratamento de distúrbios alimentares, só em certos e críticos casos (bulimia e binge eating, ok, talvez ela se enquadre no segundo caso...) mas que inibe o apetite temporariamente, depois vem a desgraça, aliás já começou,porque uma pessoa que tira o miolo do pão com queijo e resmunga porque lhe serviram com duas fatias em vez de uma... enfim...
"Saí do trabalho só agora comi a barra de limão" (17 horas), diz ela orgulhosamente ao estar de estômago vazio 9 horas seguidas, depois de um pequeno almoço, literalmente. E eu? Eu, amor de pessoa que sou, e farta de lhe mostrar o bicho que me tornei e de a avisar, simplesmente desliguei o telemóvel. Nunca "saltei" um lanche que fosse, podia comer muito pouco mas sempre fiz todas as refeições. Nunca excluí arroz, pão, batata como se eles fossem o culpado da minha gordura excessiva e não o facto de nem dar tempo para digerir os alimentos e ao invés me entupir de bolachas, pão, chocolates e afins (lol!). Caí no erro de usar substitutos de refeição à noite, sim, mas sempre almocei como uma pessoa normal (exluindo fritos obviamente...).
Não entendo como se pode ser tão cego depois de se saber que nem tudo é glamour e que nem sempre um "S" e calças 34/36 resolvem os problemas do ego. Mas pronto, os médicos da treta que continuem a receitar remédios para quem não consegue de outra forma, quando já sem remédios aprendi por minha conta e risco que querer demasiado é estupidez. "só quero 60" . "Só quero 57". E agora? 52, 53, 53.5 já dou margem de manobra para passar dos 52 que nem sequer eram uma hipótese inicialmente. Para ver um número estúpido que nada diz sobre quem sou, mas apenas sobre como as roupas me assentam (que obviamente me servem quando passo os 52 mas que na minha cabeça simbolizam já o caminhar para os 60´s). Sou idiota por ligar a uma coisa destas e mais idiota é quem brinca aos médicos e quem brinca às anoréxicas. Pessoas normais tem problemas reais. Eu tenho um problema bem mais real com o qual lidar, mas o fantasma deste problema ridículo assombra-me sempre, e só por ti, mais uma vez não vos interessa quem, pretendo arrumar a suposta depressão que se vem arrastando há muito, a futilidade de um número que teima em me querer ultrapassar ( mas mais teimosa sou eu damn it!!!) para contemplar uma existência gratificante em continuidade ( oui,o teu valor, esse sim é sempre uma mais valia na minha existência mesquinha).

Falta de...

das muitas tardes que passavamos a ver filmes asiáticos, filmes de terror ou comédias em vez de irmos para o antro;
das bebedeiras de sábado à noite quando eu e a Claúdia ainda não pensavamos tanto em coisas tão ridículas e nas obrigações inerentes a todo o ser humano;
de não ter preocupações;
de faltar às aulas de manhã para ir comer uma torrada no storia juntamente com um delicioso batido de café ou chocolate;
Basicamente haveria muito mais para dizer... mas o que falta é irresponsabilidade,loucura saudável, alegria e muito fuck you all à mistura ( mais uma vez não pretendo ferir susceptibilidades simplesmente não sou uma "people person", facto inegável e estou pouco me lixando para quem não aguenta o facto);
Não há nada que substitua uns anos de felicidade intensa, em que as pequenas coisas eram grandiosas e nas quais destaco sempre a figura de uma pessoa, sim tu meu amigo, desculpa se tenho tenho negligenciado demasiado ultimamente, no sleep, insane in the brain, acho que é altura ideal para dizer "nothing makes any sense to me, my skin´s coming off & so on...".
Crescer custa, principalmente quando o pack "shrinking things" não vem com instruções e/ou efeitos secundários adversos...