Somos aquilo que teimamos em não ver,e, por mais que queiramos mostrar aquilo que não somos, as máscaras caem abruptamente. Custa crescer, e mais ainda, é doloroso ver os outros estagnados aos nossos olhos, talvez por ser díficil aceitar a evolução natural das coisas quando por ela já passamos. Exigimos demais, de nós, das circunstâncias que nos rodeiam, quando na realidade nunca estamos inteirados acerca das mesmas.
Por vezes sou frágil, e sou tudo aquilo que teimo em arrumar no sotão, não obstante, a poeira acaba por me cobrir e tudo aquilo que tenciono ofuscar desfaz-se num singelo instante. Se pudesse apagava todos estes momentos de clareza de espírito, e mergulhava na negritude que insisto em escavar nas minhas entranhas, mas de momento só consigo fracassar e ser o reflexo da minha inquietação e ingenuidade. Sou uma sonhadora, porém caio frequentemente dos abismos fantasiosos e surreais que vou criando, expectante e inocentemente. Confundo-me intencionalmente para camuflar o que não me quero permitir sentir. Há formas de masoquismo e auto-flagelação que ultrapassam o domínio físico, e pode-se dizer que adquiri um mestrado nas mesmas. Não me quero questionar nem permitir sentir, todavia o peso das reticiências que são fruto das minhas acções não me dão outra escolha. E, uma vez mais, resolvi anular-me em prol de algo que me supera, até, quem sabe um dia, já não sinta necessidade de desenhar mais um esboço sem qualidade.
"Honestly, what will become of me
Don't like reality
It's way too clear to me
But really life is dandy
We are what we don't see
Miss everything daydreaming"
8 e 18, sóbria e demasiado coerente...