Saturday, January 01, 2005

Sentes a forma como te odeias? Odeias a forma como te sentes?

Estou a ouvir Bush, e a sentir toda uma ligação com esta música. Já há muito tempo que me apercebi que a minha verdadeira natureza não é a outra face da moeda. Tudo de trás para a frente, tudo uma distorção constante, a junção dos factos já não me amedronta, estou consciente de que não posso desistir desta luta, ou então nunca mais serei capaz de me reencontrar algures, onde alguém será capaz de ver tudo o que encobri neste nevoeiro dissimulado. Continuo a interpretar a minha vida como um quebra-cabeças, sei que existe uma mensagem subliminar que me vai ajudar a ser o que amo mas também tudo aquilo que ainda não fui capaz de apaziguar, num lugar de destaque do meu ser. Sei que a razão destes momentos de angústia está intimamente relacionada com o meu medo de ser feliz, e com todas as corrosões que deixei adormecidas dentro da minha mente. Já não gosto tanto de sonhar acordada, sinto que a minha imaginação foi catapultada, no entanto, quando me limito a sentir, nem tudo se perspectiva de uma forma tão negra como um dia quis pensar que assim o era. Foi tomada de assalto, e eu não ofereci a mínima resistência, porque deixei de reinventar o meu quotidiano, deixei subsistir uma pobreza de espírito, que parecia tão inofensiva mas poderia ter sido letal, se não a tivesse travado. Questiono-me se a terei travado a tempo e tudo o que sei é que, por mais momentos de inércia que viva, não me acomodo mais, o meu sofrimento absurdo mantém-me desperta, até que um dia, puderei resgatar o que perdi e reverter o que não cheguei a sentir...

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