Não me dei ao trabalho de pensar num título porque tudo o que me apetece agora é simplesmente queixar. Queixar-me desta reprodução deslavada do meu ser que insisto em perpetuar. Imaginas a vida sem o seu lado descontraído? Bem, é tudo o que é preciso para me teres na mente. Sou composta de 90% nervosismo, 10% irritação. O que aconteceu à menina bem disposta e alegre? Metáfora barata: tropeçou algures e não se tornou a levantar. O orgulho faz-nos sentir que somos detentores da razão e por vezes não passa de mera estupidez. Sinto-me absurda, desprovida de bom senso, inerte, ainda mais paradoxal do que o que já era e perto da insanidade, apesar de não saber até que ponto é que não somos todos assim sem tirar nem acrescentar nada.
As ruas já não me dizem nada, as pessoas saturam-me, a noite é uma perda de tempo e tudo isto porque eu perdi o interesse que tinha por mim. É fácil reprovar e sentenciar os comportamentos dos outros, é fácil desligarmo-nos emocionalmente do mundo em nosso redor, quando o problema está em nós.
Admirar as imperfeições, aceitá-las, eis o ideal de quem não é tolo e gosta do que tem. Negar a nossa essência e não a confrontar, a cobardia daqueles que não ousam expôr a sua merda para que todos gritem bem alto: "Afinal vive algo dentro de ti!".
Não me apetece falar, não me apetece atender o telemóvel, não me levem a mal, mas tudo o que me apetece é o cliché de me isolar e confrontar a minha merda antes de a despejar na próxima vítima. Uma vida regular, sem grandes sobressaltos, uma vida por construir à imagem de uma pessoa sem fortes raízes mas também sem grandes pretensões.Feito!
1 comment:
"As ruas já não me dizem nada, as pessoas saturam-me.."
oh so true..
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